Monday, March 26, 2007

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Tocaram-se pela primeira vez estava ela sentada na secretária, os óculos postos para ver melhor as letras a passarem-lhe nos ombros, no pescoço e na barriga.

As pernas a apertarem-se e os dedos dos pés contorcidos do prazer que saía do écrã directamente para o corpo. As frases causavam sensações mais físicas do que seria possível imaginar e ela sentada, em frente ao computador, percebia-lhe as mãos e cheirava-lhe a pele.

Já se conheciam há muito tempo mas nunca se haviam tocado. Nem um olhar tinha denunciado uma tensão, nem um toque fortuito causou arrepio. Foi naquele dia no trabalho.

Encontraram-se mais tarde. Passaram semanas e ela dormia a ver as letras a juntarem-se, as frases que iam caindo na janela e a atingiam em cheio na pele e ela sentia-o na boca.

Olharam-se e riram. Ele deitou palavras fora, despejou uma agenda enorme e ela foi caminhando.

Sempre a pensar na hora em que ele a agarrava e lhe escrevia em cima.

Era mesmo isto

Faz agora mais ou menos um ano, qualquer coisa por aí, e ela embarcava numa espécie de aventura submarina, num périplo desconhecido pelo deserto das emoções.Teve o desplante de olhar de frente um futuro que se lhe anunciava em branco, intrincado, maravilhoso, terrível. Planos absurdos, vontades insensatas, o sentido de família, a implosão da inspiração, as letras que lhe saíam de dentro como formas de amar, a tentação de correr riscos, o passear no arame sem olhar para baixo, os olhos fechados e o rezar para não cair. Foram tão poucos os eventos dignos de nota, os factos, os encontros, mas tantos, tantos, os sobressaltos do coração. Já para não falar nas coincidências, que pareciam uni-los a cada esquina, e nada. Mas ela esperará por ele o tempo que for preciso (disse-mo hoje ao ouvido).

in Controversa Maresia